A "chef" rebelde que mudou de escola nove vezes

Esteve anos sem se dar bem com a mãe, que acusou de lhe bater e não gostar de si. A cozinhar, criou um império de milhões, mas não escapa às críticas de Jamie Oliver e de Ramsay. Agora, deu que falar ao ser agredida pelo marido.
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Nigella. Assim quis a sua avó que aquela que é uma das chefs mais populares no mundo se chamasse. Nascida em Londres há 53 anos, a infância e adolescência de Nigella Lawson, que podemos ver na SIC Mulher com o programa Nigellissima, viveu num mundo rodeado tanto de luxo como de tristeza. O seu pai, Nigel, foi jornalista e mais tarde ministro das Finanças do Reino Unido durante o mantado de Margaret Thatcher. A mãe, Vanessa, uma socialite e herdeira de um negócio de sucesso de restaurantes, deixado pelos seus pais. Vistos pela sociedade como uma família abastada, ambos vieram de origens judaicas e mantinham casas em várias cidades do Reino Unido.

Enquanto cresceu, Nigella Lawson nunca conseguiu ter uma ligação forte com a mãe. As duas nunca foram próximas e a chef chegou a frisar que a mãe lhe batia ocasionalmente. "Ela simplesmente não gostava de mim. Sentia que fizesse o que fizesse nunca conseguia agradar à minha mãe", diz a cozinheira e apresentadora de TV.

Em 1980, com o divórcio dos pais (que depois refizeram as suas vidas amorosas junto de outras pessoas), a relação de Nigella (na altura com 20 anos) com o seu pai esfriou temporariamente, embora tenham feito as pazes anos depois. Foi também na altura do divórcio que Nigella e a mãe começaram a entender-se, mas cinco anos depois, a chef perdeu a mãe, na luta que travava contra um cancro no fígado. Vanessa tinha 48 anos. Foi esta também a doença que lhe levou a irmã Thomasina, em 1993, e ainda o primeiro marido, John. A apresentadora de TV, de resto, tem ainda um irmão, Dominic, e uma irmã, Horatia.

Os problemas familiares levaram Nigella Lawson a ser uma adolescente rebelde na escola. Entre os 9 e os 18 anos, viu-se obrigada a mudar de escola nove vezes, oscilando entre o ensino público e privado. "Eu era difícil, era indisciplinada, boa aluna quando queria mas arrogante", conta.

Com a natural maturidade chegou a sua licenciatura na Universidade de Oxford, em Línguas Medievais e Modernas. Foi nesta altura que aquela que muitos consideram a cozinheira mais sensual da TV viveu em Florença, Itália, durante um ano, como parte do seu curso.

Apesar da área em que se licenciou, Nigella Lawson começou a trabalhar numa editora literária, mas por pouco tempo. Aos 23 anos, foi convidada pelo jornalista Charles Moore para integrar a equipa da revista The Spectator, em que a chef escrevia colunas de opinião sobre livros. Poucos meses depois, passou a fazer críticas sobre restaurantes londrinos.

Apesar de ainda não ser uma figura pública na altura, Nigella já dava que falar ocasionalmente, como aconteceu em 1989, quando a britânica afirmou que iria votar no partido trabalhista, contra a vontade do pai, que pertencia à ala dos conservadores. "O meu pai nunca esperava que eu concordasse com ele sobre o que quer que fosse o tema. E na verdade, raramente se falava de política entre nós", explica.

Nos anos que se seguiram, a chef preferiu tornar-se uma escritora freelancer, tendo colaborado com os jornais The Sunday Times, The Daily Telegraph, The Evening Standard e The Observer, mas foi com a sua coluna gastronómica na revista Vogue que Nigella começou a dar nas vistas no que toca aos pratos, paixão que tinha começado desde criança.

Em 1998, chega o primeiro de dez livros que publicou, How to Eat, que revelou ser um sucesso comercial, vendendo 300 mil exemplares no Reino Unido e sendo classificado pelo The SundayTelegraph como "o guia culinário mais valioso da última década".

Sem surpresas, chegaram os convites para o mundo da televisão. Assim, em 1999, estreia-se com o seu primeiro programa, NigellaBites, exibido pelo Channel 4 até 2001, com uma audiência de dois milhões de espectadores por episódio. O formato valeu-lhe dois prémios: o de Melhor Programa de Culinária dos Guild of Food Writers Award e no World Food Media Awards.

Com a venda do programa para os EUA, no canal E!, e a presença em talk shows de sucesso como o de Ellen DeGeneres, o nome de Nigella era cada vez mais popular pelo mundo. Desde a estreia, em 1999, a cozinheira já protagonizou um total de 12 programas de TV até agora.

Com o sucesso no pequeno ecrã chegaram, também, as campanhas de publicidade. Os contratos com marcas de supermercado como Asda, Tesco e Waitrose revelaram ser apostas certeiras. Segundo revelou a cadeia Waitrose, por exemplo, ter a cara de Nigella associada aos seus produtos aumentou as suas vendas em 30%.

A sua popularidade no Reino Unido iniciou uma "guerra" de rivalidade entre a cozinheira e Jamie Oliver, um dos mais populares chefs britânicos. "A realidade é que estou muito mais estabilizado do que ela em termos de negócio", dizia Oliver em 2002. Já Gordon Ramsay, quando questionado sobre Nigella, disse: "Ela é uma miúda sexy, mas só do pescoço para cima."

Sendo também figura constante nos tabloides britânicos, muito sobre as suas oscilações de peso ou as frases polémicas que diz (uma das últimas sobre o gosto de usar casacos de pele verdadeira), Nigela casou duas vezes. A primeira em 1986 com o jornalista John Diamond, com quem teve dois filhos (Cosima e Bruno, hoje com 18 e 16 anos), e em 2003 com o colecionador de arte Charles Saachti.

Foi com esta última relação que Lawson foi notícia no mundo inteiro recentemente. As imagens de Charles a apertar o pescoço a Nigella num restaurante em Londres fizeram correr tinta, levaram à detenção do britânico e, ao que tudo indica, levaram o seu casamento ao fim, uma vez que Nigella já não usa a aliança nas fotografias mais recentes.

No meio de turbilhão que tem sido a vida de Nigella, as últimas notícias dão conta da intenção da chef de deixar a capital britânica para viver em Los Angeles, segundo frisam fontes próximas da profissional, que tem mantido o silêncio sobre o caso da agressão, até agora.

Aos 53 anos, montou um autêntico império à volta do seu nome. Com livros, programas de televisão, campanhas de publicidade e a sua própria linha de produtos para cozinha, a fortuna ganha por Nigella Lawson já ascende aos 11 milhões de euros, ao longo da sua carreira.

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